Desempenho sonoro em auditórios acessíveis para pessoas cegas

Autores/as

  • Kareenn Cristina Zanela Diener 1Grupo de Pesquisa Conforto, Eficiência Energética e Sustentabilidade – GPCEES, Arquitetura, Universidade do Planalto Catarinense, Lages, Santa Catarina, Brasil
  • Grazielle Schemes Oliveira 1Grupo de Pesquisa Conforto, Eficiência Energética e Sustentabilidade – GPCEES, Arquitetura, Universidade do Planalto Catarinense, Lages, Santa Catarina, Brasil
  • Marcia Heck 1Grupo de Pesquisa Conforto, Eficiência Energética e Sustentabilidade – GPCEES, Arquitetura, Universidade do Planalto Catarinense, Lages, Santa Catarina, Brasil
  • Gastão Pericles Lopes 1Grupo de Pesquisa Conforto, Eficiência Energética e Sustentabilidade – GPCEES, Arquitetura, Universidade do Planalto Catarinense, Lages, Santa Catarina, Brasil
  • Edgar Wegner 1Grupo de Pesquisa Conforto, Eficiência Energética e Sustentabilidade – GPCEES, Arquitetura, Universidade do Planalto Catarinense, Lages, Santa Catarina, Brasil
  • Valdeci Costa 1Grupo de Pesquisa Conforto, Eficiência Energética e Sustentabilidade – GPCEES, Arquitetura, Universidade do Planalto Catarinense, Lages, Santa Catarina, Brasil

Palabras clave:

acústica arquitetônica, inteligibilidade da fala, acessibilidade sensorial

Resumen

Este artigo discute o papel dos parâmetros acústicos na criação de auditórios sensorialmente inclusivos, com foco na experiência espacial de pessoas com deficiência visual. Em um campo historicamente centrado na visão, a pesquisa propõe o som como linguagem arquitetônica e agente de inclusão. Para pessoas cegas, a audição é mais que meio de comunicação, é ferramenta de orientação, leitura volumétrica do espaço e interação social. O estudo combina simulações no software EASE Acoustics e auralização binaural para avaliar tanto os aspectos técnicos quanto a escuta subjetiva do ambiente. São considerados parâmetros como tempo de reverberação (RT60), índice de clareza (C50), índice de transmissão da fala (STI), além de dos parâmetros de Diferença de Nível Interaural (ILD) e Diferença de Tempo Interaural (ITD). considerando cenários antes e depois de intervenções acústicas com carpetes, painéis absorventes e refletores. Os resultados demonstraram reduções acima de 60% no RT60 (500Hz), aumento de até 173% no C50 e elevação significativa no STI, favorecendo a inteligibilidade da fala, a direcionalidade sonora e a percepção de profundidade espacial. Essas melhorias ampliam a escuta e a inteligibilidade da fala de pessoas cegas em ambientes construídos. A pesquisa propõe diretrizes específicas de desempenho acústico voltadas à acessibilidade sensorial, defendendo a escuta como critério de projeto arquitetônico, e não apenas como atributo técnico, reforçando a importância da acústica como elemento estruturante da experiência espacial para todos, especialmente para quem escuta para ver. A pesquisa contribui, assim, para ampliar o entendimento sobre acessibilidade arquitetônica, posicionando a acústica como uma dimensão crítica do projeto inclusivo contemporâneo.

Citas

ABNT NBR IEC 60268-16:2018. Avaliação da inteligibilidade da fala. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.

ABNT NBR ISO 3382-1:2017. Acústica. Medição de parâmetros acústicos de salas. Parte 1: Espaços de apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2017

ARORA, Lauryn et al. A comprehensive review on NUI, multi-sensory interfaces and UX design for applications and devices for visually impaired users. Frontiers in Public Health, [s. l.], v. 12, p. 1357160, 2024.

BAKIR, Dina et al. The Spatial Experience of Visually Impaired and Blind: An Approach to Understanding the Importance of Multisensory Perception. Civil Engineering and Architecture, [s. l.], v. 10, n. 2, p. 644–658, 2022.

BUJACZ, Michał et al. Effectiveness of different sounds in human echolocation in live tests. PLOS ONE, [s. l.], v. 19, n. 10, p. e0306001, 2024.

CHO, Jun-Dong. Multi-Sensory Interaction for Blind and Visually Impaired People. Electronics, [s. l.], v. 10, n. 24, p. 3170, 2021.

FERNANDES JUNIOR, Antonio Carlos Lopes. Auralização: tecnicas de modelagem e simulação binaural de ambientes acusticos virtuais. 2005. (Mestrado em Engenharia Elétrica) Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2005. Disponível em: https://repositorio.unicamp.br/Busca/Download?codigoArquivo=468995. Acesso em: 29 abr. 2025.

HIGGINS, Nathan C. et al. Evidence for cue-independent spatial representation in the human auditory cortex during active listening. Proceedings of the National Academy of Sciences, [s. l.], v. 114, n. 36, 2017. Disponível em: https://pnas.org/doi/full/10.1073/pnas.1707522114. Acesso em: 5 maio 2025.

HUDEC, Milan; SMUTNY, Zdenek. Advanced Scene Recognition System for Blind People in Household: The Use of Notification Sounds in Spatial and Social Context of Blind People. In: CSAE ’18: The 2nd International Conference on Computer Science and Application Engineering, 2018, Hohhot China. Proceedings of the 2nd International Conference on Computer Science and Application Engineering. Hohhot China: ACM, 2018. p. 1–5. Disponível em: https://dl.acm.org/doi/10.1145/3207677.3278101. Acesso em: 9 fev. 2025.

KOLARIK, Andrew J. et al. Auditory spatial representations of the world are compressed in blind humans. Experimental Brain Research, [s. l.], v. 235, n. 2, p. 597–606, 2017.

KOLARIK, Andrew J et al. Using Acoustic Information to Perceive Room Size: Effects of Blindness, Room Reverberation Time, and Stimulus. Perception, [s. l.], v. 42, n. 9, p. 985–990, 2013.

LEO, K. Speech Intelligibility Measurements in Auditorium. Acta Physica Polonica A, [s. l.], v. 118, n. 01, 2010.

PARK, Chan-Jae; HAAN, Chan-Hoon. Effect of the Inter-aural Level Differences on the Speech Intelligibility Depending on the Room Absorption in Classrooms. The Journal of the Acoustical Society of Korea, [s. l.], v. 32, n. 4, p. 335–345, 2013.

PARK, Chan Jae; HAAN, Chan Hoon. Effect of the inter-aural sound level differences on the speech intelligibility. The Journal of the Acoustical Society of America, [s. l.], v. 131, n. 4_Supplement, p. 3318–3318, 2012.

Publicado

2025-10-02